quinta-feira, 1 de abril de 2010

Greve dos Enfermeiros

Como sabem os Enfermeiros estiveram em greve. Muitos dizem que a greve não é justa e que os Enfermeiros são uma cambada de preguiçosos que não querem é trabalhar e tirar umas férias prolongadas na altura da Páscoa. A essas pessoas eu só tenho uma coisa a dizer: a nossa greve é justa e para comprovar isso aqui vai...

Durante as greves os Enfermeiros não prestam a globalidade dos cuidados, apenas prestam os cuidados mínimos que estão definidos como sendo aqueles que "se não forem prestados colocam a vida do doente em risco". Esta definição exclui a maioria dos cuidados prestados pelos Enfermeiros (e restantes profissionais de saúde) no seu dia-a-dia. Muitas pessoas também pensam que são os cuidados mínimos que caracterizam a greve e são a sua única expressão. Nestes cuidados estão incluídos os cuidados de higiene aos doentes.Ora não é o meu espanto quando dia 29 de Março, no turno da manhã (em que portanto ainda não tinha começado a greve) me preparo eu para prestar os cuidados de higiene aos doentes que deles necessitam quando, para muito meu espanto, me deparo com a falta de água quente imediatamente seguida da falta de água fria...


(Original da imagem em: http://www.carlosbritto.com/2010/01/page/6/)

Perante tais factos só posso concluir que a nossa greve é justa pois ou a divina providência ou alguém da direcção estava solidário com a luta dos Enfermeiros e decidiu antecipar a greve um turno...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Amizade

Nas más alturas é bom saber que existem pessoas que nos fazem sorrir e esquecer as coisas más da vida; é bom saber que há pessoas que com a sua força de viver nos inspiram a ser mais fortes e a lutar por mais e melhor, todos os dias e em todos os momentos; é bom saber que dois desconhecidos se podem encontrar e ficar logo amigos... É bom saber que existem pessoas com as quais nos sentimos bem e que se sentem bem connosco... É bom saber que existe a amizade...

“Conhecer alguém aqui e ali que pensa e sente como nós, e que embora distante, está perto em espírito, eis o que faz da Terra um jardim habitado.” - Goethe

Obrigado minha nova amiga! Que o sejas pelo maior tempo possível...

Dedico-te esta foto que parece que foi tirada a nós... :D

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O mundo pesa...

Há dias em que parece que temos o mundo às costas...

Há dias em que não apetece lutar pelo que achamos correcto e justo...

Há dias em que parece mais fácil desistir do que lutar...

Há dias em que olhar para trás para ver o que conseguimos não basta para nos dar força para enfrentar o caminho que temos pela frente...

Há dias assim... Tristes...


terça-feira, 12 de maio de 2009

Dia do Enfermeiro - Greve

Interessante: Dia do Enfermeiro e Dia de greve dos Enfermeiros... O que estará mal neste filme? Muita coisa, digo eu...


Os Enfermeiros não são respeitados, valorizados e pagos como deviam. Mas se fosse só isso que está mal... O governo não nos respeita, olha para nós como apenas mais uma forma de reduzir custos. Somos o maior grupo profissional da área da saúde e como tal um pequeno "corte" no salário do início de carreira (sei lá, vou deitar um número para o ar: DUZENTOS EUROS MENSAIS) e uma pequena "dificuldade" de progressão na carreira (sei lá, mais uma vez umas coisas para o ar: IMPOSSIBILIDADE de atingir o topo da carreira, progressão com INTERVALOS SUPERIORES aos restantes grupos profissionais) representa uma poupança ENORME para os cofres do estado.

Mas pensando bem porque é que o governo nos deve respeitar?

Hoje fiz greve. Todos os elementos do meu serviço tiveram de se apresentar no serviço às 8 horas não porque não quisessem ou tentassem combinar outras formas de organizar a greve mas devido a uma aparente "indecisão" de colegas (com responsabilidades acrescidas no serviço) que diziam ainda não saber muito bem se faziam greve e acabaram por (miraculosamente) aparecer com uma folga no horário no dia da greve. Não se ficam por aqui as minhas aventuras no "mundo da greve". Muito curiosamente outro elemento do serviço (também com responsabilidades acrescidas) passou a estar de comissão de serviço... Conclusão: ter "responsabilidades acrescidas" é meio caminho andado para ser "vítima" de "milagres" desses...

Durante a greve tive de pedir (sim, pedir) à Senhora Doutora Médica que alterasse as requisições de "normais" para "urgentes" (se esse fosse o caso) pois os Enfermeiros estavam em greve. Levei com a resposta "Vocês é que estão de greve, o laboratório não... Só passamos requisições urgentes quando o laboratório está de greve porque senão eles não fazem as análises!". Eles não fazem quando estão de greve se não for em requisições de urgência!? Então e nós? Quando estamos de greve temos de colher as análises se não for em requisições urgentes!??? Que grande igualdade! Por fim lá apareceram as requisições das análises "ditas" urgentes. Para minha (não) surpresa "apareceu" uma análise que não estava pedida (deve ter passado a urgente naquela altura).

Ao longo do turno outras coisas interessantes se passaram: TACs urgentes marcados com vários dias de antecedência (um dos quais a doente teve alta sem estar disponível o resultado), Ecocardiogramas Trans-Esofágicos que eram urgentes (marcados com vários dias de antecedência, também) mas que não foram realizados (um porque o doente não foi chamado para o realizar e outro porque a doente não se encontrava em jejum - porque uma auxiliar cheia de autonomia não respeitou a placa de jejum e resolveu alimentar a doente - e era tão urgente que não se podia fazer o dito exame mais tarde nesse dia), etc.

Melhor ainda, três doentes para ter alta (precisamente) no dia que os Enfermeiros estavam de greve. Duas delas não necessitavam de cuidados específicos de Enfermagem (e por isso não coloquei nenhum entrave à sua saida do serviço embora pudesse fazê-lo) mas uma outra dependente em grau moderado nos autocuidados, com necessidade de seguimento no centro de saúde e com mais cuidados de Enfermagem interdependentes... Uma doente que esteve no serviço tempos interminaveis só porque a médica "embirrou" que a família (que não estava receptiva nem disponivel) tinha de aprender a administrar insulina, tem de ter alta (volto a dizer, precisamente) no dia de greve dos Enfermeiros?

Curiosamente, também no que diz respeito a essa doente dependente, neste dia de greve:
- os Senhores Doutores Médicos puderam remover cateteres periféricos (coisa que não fazem nos outros dias);
- a doente pode ir para casa sem retirar pulseiras identificativas colocadas no hospital;
- não foi necessário carta para o Enfermeiro do centro de saúde (e bem que a doente necessitava de Enfermeiro do centro de saúde para os tratamentos às feridas e administração de medicação subcutânea);
- não foi necessário Enfermeiro para transferir a doente para a maca da ambulância.

Enfim, o governo não nos respeita? Se fosse só esse o nosso problema...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia da terra

Olá Terra!

Hoje é o teu dia. Parabéns!

Queria te pedir desculpa pelo mal que te faço. Sabes, não é de propósito... Eu simplesmente não fui ensinado a olhar para ti da forma que mereces. Acho que muitos e muitos de nós sofremos desse mal... Sim, cada vez mais me apercebo que te faço mal e tento mudar. Não sei se vou conseguir mas estou a tentar...

Neste dia resolvi ver a minha "pegada ecológica"... Não está mau, acho que está muito mau... Dizem eles que se toda a gente fosse como eu que seriam precisas 3,6 "Terras" para nos sustentar a todos... Vejam lá como estão vocês:

http://www.ecologicalfootprint.com/

Digam lá? Estão melhor que eu? Estão pior? Digam coisas... Vamos tentar melhorar as coisas...

sábado, 21 de março de 2009

Macaquinhos de imitação

Um grupo de cientistas colocou dez macacos numa jaula. No meio dessa jaula existia uma escada que dava acesso a um cacho de bananas que estava dependurado no tecto. Essa escada era a única forma de chegar às ditas bananas mas era muito estreita e só permitia que um macaco subisse de cada vez.

Cada vez que um macaco tentava subir a escada para chegar às bananas os restantes macacos eram presenteados com um magnífico jacto de água gelada que não era nada agradável. Assim que os macacos perceberam a lógica da coisa começaram a retaliar sobre o macaco que subia a escada. Passado algum tempo, qualquer macaco que tentasse subir a escada para chegar às bananas era imediatamente agredido pelos restantes e, a certa altura, já nenhum macaco tentava alcançar as bananas porque se o tentasse era agredido pelos restantes.

Após algum tempo os cientistas substituíram um dos macacos por outro. Mal esse macaco também tentou subir a escada para chegar às bananas mas os restantes agrediram-no violentamente não tendo sido necessária a intervenção dos cientistas com o temido jacto de água gelado. Umas quantas tentativas de subir a escada e outras tantas agressões pelo restante grupo de macacos foram o suficiente para que o novo elemento percebesse a ideia. Após mais algum tempo em que qualquer macaco que tentasse subir a escada era agredido pelos restantes, os cientistas voltaram a trocar um macaco do grupo inicial por outro. Todo o processo de tentativa de subir a escada para tentar alcançar as bananas e agressões se repetiu, assim como o processo de troca dos macacos.

A certa altura os cientistas tinham na jaula um grupo de dez macacos em que nenhum fazia parte do grupo inicial mas em que, qualquer um que tentasse subir a escada para alcançar as bananas, era agredido pelos restantes. Tendo em conta que nenhum desses macacos tinha levado com o jacto de água gelada mas agredia qualquer macaco que tentasse subir a escada, se fosse possível perguntar a um macaco porque o fazia e obter resposta, ele provavelmente diria:

"Porque sempre foi assim..."


quarta-feira, 18 de março de 2009

Recordações do passado

Uma noite no hospital. Mais uma como outras tantas...

Tinha uma doente que me estava distribuída em plano e que era diferente de todas as outras: esta era enfermeira!

Falamos. Falamos muito... Falamos do hospital em tempos antigos, de como as coisas eram anteriormente, dos tempos passados da Enfermagem... É verdade que os enfermeiros de "antigamente" passaram por muito e muito lhes devemos. Sem eles nós (como profissão) não tínhamos sobrevivido até hoje. Temos muito para lhes agradecer. Temos muito que os honrar...

Noites sozinhos para 3 serviços com doentes incontáveis, noites sem auxiliares ou outro tipo de ajuda, ferver agulhas e seringas de vidro, afiar as agulhas, etc. Tanta coisa que eu só tinha ouvido e visto em museus, ali à minha frente, contadas na primeira pessoa...


Eu, o eterno lutador pela mudança, o eterno lutador contra os "velhos do Restelo", ali, a vergar perante uma pessoa que apenas me estava a contar a sua experiência pessoal...

As mudanças são inevitáveis na Enfermagem, estamos numa altura crucial para a profissão, mas devemos a todo o custo evitar o fraccionamento da nossa profissão. Devemos avançar mas ao mesmo tempo não devemos deixar ninguém para trás. Além de termos a força para mudar temos ainda de ter a força para levar os outros a nos seguirem.